Capítulo 14: "I'm a Barbie Girl"

– Mamãe,já é carnaval?- Perguntava um garotinho sentado no banco do ônibus, apontando para mim, fazendo Layla, Dart,Isa,Myh,Leh,Bea e Karen rirem. Por culpa delas, todas nós tivemos de ir de ónibus, é. O que mais me incomodava naquele momento era a marca da mão de Lysandre na perna esquerda.
Por sorte, chegamos á escola rapidamente, incomodava-me os olhares que eu atraia por causa das roupas exóticas, mas procurei ignorar todos aqueles olhares e sussurros dirigidos á mim.
Bea, Leh, Karen e Dart saíram correndo ajudar o clube de jardinagem, onde Ken e Jade já estavam literalmente com a cara na terra. Karen foi a primeira a ir cumprimentar Ken com um beijo no rosto,seguida de Dart, que preferiu trocar o beijo por um soco no ombro. Eu vi Nathaniel ao longe com sua prancheta, supervisionando a atividade dos clubes, e creio que ele não tinha gostado muito da cena de Karen e Ken, embora não tanto quanto Bea não gostou de ver o maço de flores que Jade entregava á outra garota do clube, antes de ver que Bea chegara e estava ali encarando-o mortalmente.
Dart “Vader” usava toda a sua força para arrancar com muita facilidade as ervas daninhas, e Kentin sorria ao lado da bela moça, procurando imitá-la, introduzindo um ar de “ eu te imitaria até o fim das galáxias, minha mestra jedi”.  Apesar do quão interessante parecia ser, jardinagem não era o meu lugar, então continuei rumo mais adentro da escola,  diferente de Dake, que mesmo usando o uniforme do time de basquete estava com os “ jardineiros”, para importunar o ardo trabalho de Leh, e lembra-la o quão sexy ele achava que ela ficaria no uniforme minúsculo do time feminino de basquete.
Isa-Senpai ( nem mãe) e Myh-Chan foram colocar o respectivo uniforme de basquete, enquanto sobrava apenas eu e Layla seguindo em direção ao clube de teatro da escola , no ultimo corredor do ultimo andar do edifício, era realmente muito chão para andar até lá.
– Olha Ammy, outra garota vestida de empregada, também deve querer o papel principal. -Layla inocentemente disse apontando uma bela garota de cabelos curtos e pretos que estava de costas para nós duas. Ao perceber que se tratava dela o comentário que ouvira, a jovem virou, e pudemos reconhecer seu rosto, apesar da nova moldura que o envolvia; minha eterna rival nos papéis das peças, Ambre .Ela havia mudado totalmente o seu corte de cabelo, era como se toda aquela maldade associada àquela garota tivesse partido junto com seus cachos cor de ouro, estava de semblante mais sereno e feliz agora, ao lado de Alexy, que conversava algo com o professor de teatro.
–Não precisa se preocupar com isso, desta vez não batalharei por papel algum, acabei de ser informada que os escritores das peças não tem o direito de atuar, já que devem dirigir a peça.  -Disse Ambre, risonha.Não conseguia acreditar que ela seria minhapatroa no clube até o dia da apresentação, que por sorte não seria muitos dias.Queria sair correndo,mesmo a nota do bimestre de teatro depender daquilo, eu não queria receber ordens da alguém que já humilhara á mim e a meus amigos tantas vezes. E realmente teria ido embora se a mão de Lysandre não brotasse no meu ombro para me segurar ali, e Armin não viesse distribuir o roteiro geral para todos, para que conhecêssemos os personagens que poderíamos representar no teatro naquele momento.
– Queria que tivesse vindo comigo para a escola, precisava ter falado com você. E te assediado mais nesta roupa, e com estas orelhinhas. - Lys sussurrava no meu ouvido, enquanto eu prestava mais atenção no papel que Armin me entregou, e impressionantemente gostava dela, mas não deixei de pisar forte no pé de Lysandre pela marca de sua mão em mim, mesmo sabendo que eu não era suficientemente forte para machuca-lo como gostaria.
– “Barbie”, a personagem principal, é na verdade a Ambre?- Percebi que a história era inspirada na própria vida da garota que a escrevera. –Terei de representar justo aAmbre? - Meus olhos se dilataram, percorrendo a breve descrição no panfleto, onde também havia um poema muito bom de um livro culto o bastante para eu achar estranho Ambre conhecê-lo.
–O papel principal masculino é irmão da Barbie, então eu quero ser  o Alex, para beijar você no final. - Lys sibilou, olhando Ambre e Alexy conversando, o rapaz de cabelo azul parecia ser o único que Ambre não se preocupou em realmente mudar o nome para não parecer óbvio demais, o que me levou á perceber que eles estavam “juntos”.Amava ter meu namorado ali naquele ambiente também, eu desistiria de qualquer papel e qualquer nota e teatro se precisasse beijar, mesmo que de mentira qualquer outro reles mortal que não fosse ele.Apesar de tudo.
– Vocês precisam se esforçar, esta peça será para arrecadar fundos para o próximo evento de competição da escola.Os outros clubes também estão envolvidos, agora vão distribuir os panfletos com data, horário e local desta peça ao restante da escola.-Disse o professor, nos entregando pilhas daquele papel colorido que cheirava á tinta.
Assim que eu pude, sai correndo para o clube de basquete, lá costumava ser mais fácil distribuir primeiro.
–É a minha estratégia que conta, afinal sou eu o capitão dos times. - Castiel rosnava aos outros, e eu já percebera que escolhi mal onde ir entregar os panfletos.
–Você quis dizer só do time masculino, do time feminino a capitã sou eu. - Dizia Isa, no meio da briga.Castiel rapidamente virou a moça e a segurou pelo queixo. – Mas eu sou capitão do seu coração, logo sou capitão dos dois times.Mas não se preocupe, eu te deixo mand...- Castiel foi brutalmente interrompido pelo monstro que é Isa quando está brava, fazendo o restante dos times parar automaticamente de discutir, exceto Dajan que já estava sentado e quieto, pela sua  paciência e amor ao jogo devia ser o capitão, mas não podia por que não estudava em Sweet Amoris.
- ... Agora que a Isa mostrou quem manda, podem pegar os panfletos do teatro bimestral, por favor?- Eu interrompi, Mylena e Dimitry foram os primeiros a pararem de discutir sobre o “ sequestro” de Dimi que o mesmo não queria ter sido libertado e virem até mim, a empregada com orelhas de gato aceitar um dos papeis que eu ela segurava.
– Acho que vou assistir só para te ver pagando mico com esta roupa.- Um dos jogadores suados de basquete disse, rindo. Achei melhor sair de lá antes que eles começassem á discutir de novo, ou pior, parassem de discutir e notassem a marca da mão de Lysandre em mim, eu estava quase sabendo como Nathaniel deveria se sentir.
Ao sair do ginásio de esportes, eu vi alguns alunos em frente ao portão da escola , com suas fantasias e distribuindo panfletos.As fantasias que usamos são o maior atrativo que fazem os alunos  aceitarem o pedaço de papel que entregamos,apesar da maioria amassar sem nem ler antes. Vi também Lys já saindo da estufa, então deduzi que já haviam panfletos demais sendo distribuídos lá fora, resolvi entrar de volta, mas nem mesmo pude me considerar dentro da escola quando caí, por conta da quantidade de papéis no chão que a pessoa perto de mim, também no chão, tinha derrubado ali.
–Me passe todo o seu dinheiro do lanche, “Barbie”.E rápido. - Dizia Ken á moça que ele mesmo empurrara no gélido e sujo chão, onde eu também estava.Ambre tremeu e obedeceu, parecia ter se machucado no tombo que Kentin a proporcionara.
Eu não podia acreditar em meus olhos, quantas vezes eu vi aquela cena em seu inverso, sem nem em imaginação se passar algo sequer parecido com aquilo que agora estava diante dos meus olhos, até eu estava sentindo medo do Fuzilador.
- Mas é só o que possuo, vou passar fome o dia tod... - “ Barbie” tentou falar mais, mas foi interrompida por Ken.
–E é pouco.Me deve muito mais que isto pela quantia que já me roubou da mesma forma.Eu era magrelo por não me alimentar nos dias em que você tirava dinheiro de mim. - Concluiu Kentin com frieza, em tom de sargento de modo que seu pai teria orgulho.Eu estava com pena de Barbie antes do que Ken acabava de dizer; ele me fez lembrar o quanto ela merecia aquilo pelo passado.
Parecia que, por causa da peça de Ambre nos panfletos agora todos a chamariam de Barbie, inclusive eu a chamaria assim. Combinava muito mais com ela e seu novo corte chique de cabelo.
Ken já tinha se virado para ir andando e Barbie silenciosamente já estava tentando reunir sua papelada com a minha ajuda, quando o rapaz resolveu tirar algo do bolso e voltar para a morena.Nem podia imaginar o que ele tirava do bolso, talvez um canivete ou algo do tipo para mata-la, o que me fez querer entrar na frente da garota para protege-la, mas novamente Lysandre brotou do além para me puxar para trás e me segurar, eu já havia esquecido que ele também estava entrando quando eu tentei entrar na escola para voltar ao clube de teatro.
Como agora eu sei de seus ciúmes por Ken, nem mesmo me mexi nos braços do rapaz de cabelo cinza.Quando recuperei finalmente os sentidos do puxão que levei de Lys, Kentin já havia dado um pacote daqueles biscoitos que tanto gosta desde sempre para Barbie ter o que comer, levantando-a do chão com uma única mão e dizendo “ Quer biscoito?” .Ao mesmo tempo em que Ken mudou radicalmente, ele ainda é o mesmo.
– E eu vi a marca de mão, respeite a Weany-Sama se não quiser apanhar, mauricinho. - Foi a última coisa que Fuzilador disse, referindo á Lysandre, antes de voltar para o clube de jardinagem lá fora, e para Dart que também estava lá fora e devia ter visto tudo.
- Mesmo não sendo Ambre no papel de Barbie, acho que vão ficar chamando-a assim por que perceberam que é ela mesma, e eu não consigo entender por que ele te chama de “Weany”, esta palavra nem existe, enquanto “ Amanda” é um nome tão melodioso quanto você, meu anjo ...- Disse Lysandre, me levantando do chão pela cintura e estacionando sua respiração diretamente no meu pescoço, o que me fez contorcer pelo ocasional arrepio que invadiu minha circulação.
Barbie, diferente do o que se espera, estava sorridente e calma, indo terminar de distribuir seus papéis.
– Ahn... Amanda ... Diga á Karine para evitar ficar sozinha com Nathaniel, tudo bem?-Barbie me disse antes de ir, aparentando muito medo e ansiedade.
–Até a digo, mas por quê? - Falei, embora a resposta eu já tivesse lido no roteiro geral, não imaginei que tudo nele fosse cem por cento realidade, Ambre podia ter distorcido alguns fatos, achei.
–Meu irmão demonstra afeto de um jeito... estranho. Eu tive de ser cruel e nojenta por muito tempo para criar o ódio que Nathaniel sente por mim, assim ele me evita e não me machuca mais, agora eu voltei a ser realmente eu mesma sem medo dele, já que ele não vai me perdoar nunca, mas ...Karen não me ouviria se eu dissesse isto á ela. Por favor, avise-a do perigo que ela corre. - Assim que Amb... Barbie acabou seu discurso, eu fiz “sim” com a cabeça. E ela continuou andando. Conhecendo bem Karine, dizer que ela corria perigo não adiantaria em nada, eu precisava pensar no o que falar. Mas será que era verdade?
-...É verdade. - Respondeu pausadamente Lysandre, que ainda estava me segurando e respirando no meu pescoço daquela maneira, ele devia ser vidente para ter respondido a minha pergunta que fiz mentalmente. Se a peça de teatro é toda verdade, tenho muito medo do o que Nathaniel é capaz de fazer, e justo com a minha melhor amiga.

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