Capítulo 19: Yandere ou Tsundere?

–Você judiava daquela maneira da Ambre... - Karen estava pasma, o teatro já havia acabado, mas ela permanecia sentada á plateia, que levantava  para correr como baratas por um pequeno pontinho, que era a porta da frente do salão de teatro da Sweet Amoris.
–E o que tem isso? - Nathaniel parecia não se importar com nada nem com ninguém, mas também estava tão pensativo quanto Karine, enquanto procurava fitá-la nos olhos, como se soubesse que ela havia descoberto algo importante sobre o mesmo e quisesse saber o que era. Nathaniel judiava constantemente de Karen desde que eles se beijaram pela primeira vez na sala dos representantes, logo a verdade estava sendo montada dentro da cabeça de Karen com pressa e medo.
–É por isso que você não gostava do Castiel, tinha ciúmes dele. Ciúmes dele por que, se  você maltratava a Ambre, era por que você a amava.Não como irmã, mas incest... -Karen foi interrompida pelo dedo de Nathaniel, que pousava sobre a boca da moça com delicadeza. O quão Nathaniel se aproximara de seu rosto fazia as lentes de seus óculos ficarem embaçadas,  e a moça parar de respirar.
-...Você tem razão. Mas agora eu suporto Castiel e não maltrato a Ambre, só você. O que prova que agora só você é minha. E eu te amo, minha quatro-olhos de coleira. -Disse o loiro com um sorriso mais maníaco que soava  fofo, mas fez a ruiva sorrir, apesar de a frase na mente da garota ter soado como “ O que prova que eu sou só teu”, mas no mundo daquele doido varrido deve ter sido isso mesmo que ele quis dizer.E a verdade é que a “coleira” que Karine não tinha como tirar do pescoço parecia um estiloso colar.
Mais uma vez, um sentimento de culpa e de pena circulava-nos, e víamos que realmente, “Ambre” não era realmente a personalidade real daquela agora chamada de Barbie.Agora, tudo o que ela havia feito havia uma justificativa, e mais que isso, ela se redimira com todos nós.Isso nos fez, depois, agradecer pela peça “ maravilhosa” que Barbie se deu ao trabalho de escrever como forma de desabafo, agora nós sabíamos por que Barbie havia enfrentado tantos psicólogos antes, e por que os pais deles tinham tanto ódio de Nathaniel, e por que nada do que ele fazia os agradava: Ele traumatizara a caçula deles de um jeito que, eu não imagino que tenha terapia que conserte ter um irmão que já tentara  violentar a irmã mais nova.Era com razão que os pais eram tão ríspidos com ele depois de descobrirem.
Dimitry estava parado na porta com Mylena, de semblante sério e devaneioso, como quem também tinha notado o que Karine notara, mas como não tinha nada a ver com o baterista, ele apenas foi levar sua dama para casa, ou era o que parecia que ambos foram fazer.
–Vamos jantar lá em casa para comemorar a atuação de vocês.Lysandre, avise o Leigh e a Rosa para irem também. - Meu pai disse, cobrindo a minha roupa da peça com um casaco peludo que ele havia levado especialmente para isso, já que quando ele berrara em casa “ Amanda, pegue um casaco”  eu relutei dizendo que não podia alterar a fantasia. Minha mãe estava naqueles momentos de “ Óh, minha filhinha conseguiu falar tudo corretamente” , e estava apertando as minhas bochechas de maneira constrangedora até ficarem tão rosadas quanto o nosso cabelo.
–Pode deixar, será uma honra senhor. -Lysandre dizia com uma reverência, apresentava ser um rapaz muito cortês e sem taradisse nenhuma na frente  dos meus pais, mas eu procurava fingir que aquele realmente era a personalidade daquele indivíduo teimoso.
Como a data das provas já avançavam, toda aquela “ grande família” e as outras pessoas já estavam indo embora, mas eu resolvi entrar na escola para pegar tudo oque ainda estava no meu armário, já que precisaria de tudo para estudar.Havia toda aquela papelada que as pessoas colocam pelos vãos do armário em cima dos meus livros, e eu juntei tudo para jogar fora, lendo antes o que era enquanto chegava até a lata de lixo mais próxima. Notei que havia mais de dez envelopes brancos grossos em meio aos panfletos, levando em conta o tempo que eu não dava atenção á “sujeira” que as pessoas depositavam no meu armário calculei que deveria ter sido colocado um por dia. Joguei o restante dos panfletos fora, e comecei á abrir e ler os envelopes brancos. Eram poemas escritos por Lysandre .Meus olhos se encheram de lágrimas logo na primeira linha do primeiro envelope, por que depois de tantos acontecimentos recentes eu havia esquecido que o rapaz meigo e gentil que estava no carro com meus pais realmente existia e não era apenas de fachada. Eu também escrevi muitos poemas para ele , mas agora estavam todos lá em casa, eu não lhe entregara mais nenhum depois do incidente no show. Mas ele também estava esquisito de uns tempos para cá, o que seria? Pensar  no o que ele queria ter me falado só me deixava mais maluca.
Um barulho de carteiras se arrastando vindo da minha sala de espanhol me fez parar de viajar em pensamentos, assustada, eu apenas me virei e saí ad escola o mais rápido que pude, já que eu não deveria estar lá.  Deveriam ser Riderick e Merry brincando de “aluna e professor” na escola até tarde, mas é claro, isso é só um palpite.
–Demorou demais, está tudo bem?  - Disse Lysandre, do qual eu bati o rosto em seu peito, já que aquela mula estava parada bem no meu caminho, deveria estar indo atrás de mim para ver se eu ainda estava viva, o use alguma assombração da escola tinha me devorado e deixado o esqueleto no laboratório de ciências como enfeite. Ficaria até bonitinho um esqueleto de um metro e meio ao lado do de 1,85 de plástico que tinha no laboratório.
–Estou ótima!  - Eu levantei a mão que seguravam as dez lindas cartas de amor para mostrar á ele que eu vira, e pulei em seus braços, dando-lhe um abraço apertado.Era difícil abraça-lo assim, levando em conta que ele era mais alto que o esqueleto de plástico.Lysandre sorriu e beijou meu rosto todo, sussurrando um “você devia dar mais atenção ao seu armário” no meu ouvido, o que me fez pirar e apenas rir, fazendo que sim com a cabeça.
–Ora ora, o que temos aqui.Eu tenho fotos da Ammy vestida de empregada e do Lysandre vestido como um cara normal, e não tenho medo de usar. -A frase parecia algo que Isa diria, mas esta estava quieta nos braços de Castiel, o verdadeiro autor da fala que interrompera minha alegria com Lysandre.
– Nós precisamos.. ãh .. conversar.- Castiel falava á Lysandre, enquanto afagava o cabelo de Isa docemente. O olhar com tentativa de ser sério do moço lançado á mim me fez imaginar que seria para lembrar Lysandre de que ele ainda não havia me contado quem era “Linda”, eu acho.Mas também poderiam ser outras mil e uma coisas.
Lysandre estava calmo e sereno, e como eu, não fazia idéia do o que Castiel poderia querer lhe dizer. Ele apenas disse que meus pais já haviam esperado demais, e foi comigo ao carro, onde fomos para a minha casa jantar pizza, nossa janta favorita depois de Mc Donald’s, é.
Leigh e Rosa eram as salvações na mesa, uma vez que, sem a Rosa para ficar contando piadas durante toda a refeição, não haveria graça nenhuma.Ela era muito divertida e espontânea, mas eu não andava com ela na escola por que as minhas amigas eram mais, mas também não costumavam comer lá em casa devido á agenda apertada.
Eu e Lysandre terminamos antes, e eu fui me jogar no sofá da sala para aproveitar a sensação de estar de estômago cheio.Lysandre, fingindo que não haviam aqueles três metros de sofá vazios, se deitou em cima de mim e simplesmente enrroscou seus lábios nos meus ali. Não sei quanto tempo se passou, mas melhor que o beijo e a sensação do amor simultâneo que trocávamos eram as mãos bobas de Lysandre que eu sentia me acariciar sutil e atrevidamente.
– Vamos.- Disse Leigh do nada, apenas puxando Lysandre pela gola da camisa de cima de mim, o que o fez se afogar e ir tropeçando de costas pelo caminho que o irmão o arrastava. Eu ri, apesar do sofrimento de Lysandre.Mas era bom Leigh tê-lo levado antes do meu pai me ver daquela maneira nada santa com Lys no sofá da sala.Permaneci mais algum tempo no sofá para organizar minhas sensações enquanto meus pais se despediam deles na porta de casa e a fechavam.
Ao me levantar, notei um quadrado de couro marrom no sofá, exatamente onde eu estava. Apalpei aquilo enquanto subia para o meu quarto para dormir, e percebi que ra a carteira de Lysandre, devia ter caído de seu bolso enquanto ele me enfeitiçava. “ É só devolver amanhã” foi a primeira idéia que me surgiu. Abri a carteira para rir da foto dele da carteira de identidade, e notei que ele guardava ali, em local de destaque, uma pequena foto de nós dois, ele dava um beijo no meu rosto, que se retorcia em uma careta de nojo. Eu ri sozinha no meu quarto daquela foto, achando Lysandre ainda mais fofo e especial, até resolver tirar a imagem dali para olhar atrás dela, por que me lembrei de que havia escrito a data de quando a foto foi tirada. “Ammy e Lys, 09/05/09”. Mas atrás da foto comigo, ele possuía outra foto, com outra garota especialmente bonita, de olhos iguais aos meus e cabelo longo e castanho. “ Fadinha e Linda” era o que constava, sem uma data atrás daquela foto com outra garota, escrito á letra do próprio Lysandre.Mais constrangedor do que tudo isto, eu reconhecia aquele cabelo : eram da garota que beijou o meu Lysandre por trás e um certo show, e arruinara o meu psicológico e confiança no meu “namorado” desde então.
Neste momento, eu senti-me ficar fora de mim, tomada pelas idéias de estar sendo traída, e de Lysandre ter mentido para mim que não conhecia a garota que beijara naquele dia. Mas eu amava-o demais para deixa-lo por umazinha da qual eu ainda tinha chances de competir: outra idéia construíasse na minha mente.
–Eu não sei como você vai participar do torneio amanhã com esses ferimentos no peito e costas, mas tudo bem. - Disse Leigh, ajudando Lysandre á se deitar e indo dormir também. Rosa estava passeando pelos corredores de “ baby doll” amarelo, sabe(Deus)Chinomiko por quê.
Lysandre apagou a luz e gemeu para se deitar, já que tudo doía-lhe.Seus olhos fecharam rapidamente, e já podia sentir o sono acariciando-lhe a face...Até o barulho de alguma coisa entrar pela sua janela o retirara do estado de dormência. Em um salto rápido, o rapaz acende a luz.
-...Esse é o machado que nós usávamos para cortar cabeça de galinhas no rancho? -Lysandre perguntou calmamente á garota de cabelos cor-de-rosa que segurava um machado acima da cabeça ao lado de sua cama.
-... É sim. -Eu disse, sem mexer um músculo.Derrepente, a idéia de mata-lo para que morresse sendo meu parecia ter ido longe demais, ainda havia chance dele ser só meu, sem ser no inferno.Abaixei o machado lentamente, segurando ao impulso de fatiar aquela criatura que me encarava, e joguei a carteira marrom dele sob seu colo.
–Esqueceu no sofá. -Eu bufei, colocando o machado no chão, e ficar olhando em baixo da cama de Lys por um tempo.
Lysandre parecia confuso, mas não comentou nada embora soubesse a minha intenção ao ter ido até lá.Eu levantei do chão segurando o chicote de Lysandre que usara nele noite passada, do qual encontrei em baixo  da cama. Ele já estava sem camisa, eu apenas comecei á espanca-lo com aquilo novamente, causando-lhe ferimentos ainda mais graves do os que ele  já tinha, e os lençóis começavam a se mancharem de sangue.
- ...Tinha dito que ia cuidar de mim, por que está fazendo isso?- Lysandre sussurrou, retraindo a vontade de gritar.
– Por que eu te amo.-Lágrimas escorriam pelo meu rosto, enquanto eu imaginava aquele rapaz com a “Linda” que ele intimamente abraçara na foto da carteira, sem a intenção de contar á ele que eu sabia da existência daquilo atrás da nossa própria foto. A frase fez Lysandre lutar contra o chicote, quando o rapaz segurou a ponta, foi apenas puxá-lo que a inércia me fez cair sobre aquele corpo totalmente ferido, que me apertou com força e retirou o chicote de mim, usando-o para amarrar meus braços á cabeceira da cama.
– Assim  você não alcança o machado.  - Lysandre disse sorrindo, se virando para o outro lado e dormindo. Eu tentei me soltar e berrar “ você não pode me deixar aqui, seu inútil” mas nada adiantou. Com medo de acordar os vizinhos ( que eram meus pais) eu parei de gritar e dormi depois de meia hora tentando escapar dali.
TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM 
Eu podia reconhecer o som do meu despertador em qualquer lugar. Abri os olhos, e para meu espanto, eu estava no meu quarto, na minha cama. Apertei o bendito botão que fazia o despertador calar a boca, e notei marcas de sangue no parapeito da minha janela, que eu fui limpar. Isso me levou á conclusão de quê, mesmo ferido, Lysandre me trouxe para a minha cama depois que eu dormi. Mas o besta deve ter ficado com o meu machado , por que ele não estava em lugar nenhum.Não é justo, eu precisaria dele mais tarde novamente.
Levantei, tomei banho, me arrumei.Ainda não eram nem dez da manhã, mas eu já estava saindo de casa.Quando minha mãe perguntou por quê, eu disse que Lysandre estava muito machucado, e que precisava da minha ajuda.Minha mãe me achava uma criatura adorável e meiga, já que não sabia por que Lysandre estava quase em estado de coma.
Leigh apenas abriu mais a porta para que eu entrasse, sem perguntar nada.Rosa estava na cozinha tomando café, e berrou para que eu me juntasse á ela. No entanto, subir as escadas e ir ajudar Lysandre á enfaixar todo o tórax era mais importante. Também o ajudei á passar pomada em tudo aquilo, e á vestir  a parte de cima da roupa.Novamente, eu estava gentil, doce e meiga, pela culpa de tê-lo cortado  todo com o chicote como se fosse na verdade com uma faca.
–Ás vezes doce,ou calada, ou séria, ou dançando Macarena, ás vezes assassina,ou violenta,  eu nunca sei o que esperar de você. - Desabafava Lysandre, enquanto eu abotoava os botões de sua camisa e ajeitava seu lenço verde. Mas o que realmente me incomodava, é que eu não sabia como Lysandre faria o torneio naquele estado.

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