Capítulo 2: Espere, eu ainda não consegui me apresentar

Nós seis nos sentamos ao fundo, uma perto das outras.Era assim que sentávamos desde a primeira série.
Eu rabiscava desenhos de Amandas e Lysandres flutuantes purpurinados dançantes juntos na última página do meu caderno, não que eu goste dele . Em uma tentativa de animar a aula, Isabelle havia colocado dois lápis na boca para imitar dentes afiados, e soltava um sorriso de “maníaco do parque” para Mylena. Ambas rimos, sorte de ter coincidido com alguma gracinha do professor, ele estava muito feliz de  finalmente, terem rido de uma piada dele.
– Óh sim, eu sabia que você era estranha desde o começo, Isa-senpai nem mãe. - Eu disse, fazendo-as rir ainda mais, com exceção de Isabelle.É verdade que gostávamos de implicar uma com a outra, acho que as outras quatro deveriam achar que nos suportávamos por ter as mesmas amigas, mas a verdade é que nos gostávamos sim.Um “gostar” um tanto yandere. Mas eu gostava mesmo de alguém que rebatia tudo o que eu ameaçava.
- Claro que sabia, você é a que mais entende de estranhos, namora o rei deles. - Isa pronunciou com desdém, o que me fez calar. Odiava que chamassem Lysandre de meu “namorado”, apesar de ser verdade que ele era o ser mais estranho da escola.  Era só o garoto que eu mais gostava, e que mais gostava de mim. Apenas isto já o fazia ser esquisito para mim.
– Por que falar assim das pessoas apaixonadasCastiel sussurrou á Isa virando o rosto para trás, afinal ele também era do tipo que preferia o fundo da sala, a diferença é que nós prestávamos atenção, quando não era aula de história .
- Não somos pessoas apaixonadas. - Foi inútil, os dois me ignoraram, como se fosse fácil ignorar uma criatura de cabelos pink que quase brilhavam no escuro e all stars mais exóticos da escola.
– O que foi, entende as pessoas apaixonadas? - Isa disse á tom de deboche, apoiando o rosto em uma das mãos.
E se eu entender? - Castiel sorriu, e tanto ele quanto Isa continuaram conversando, mas eu parei de prestar atenção. Também notei que Dimitry, o “ estranho” do qual apelidamos de vampiro ficava trocando alguns bilhetinhos com Mylena, que eu nem tinha visto quando finalmente saiu do banheiro.Talvez tenha se teletransportado.
TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM 
Amém, o sinal tocava e agora nós podíamos ir comer. Todos levantavam e saiam correndo para a cantina do colégio, menos eu e minhas cinco amigas. A cantina lotava, e Ambre reinava a posse das melhores mesas do refeitório. Nós preferíamos sair correndo para fora da escola nos recreios para ir á uma lanchonete ali do lado. Lá, nós podíamos comer , fofocar e retocar a maquiagem sem que nos incomodassem, tínhamos até mesmo uma mesa particular , isto é, apenas nós sentávamos lá., Myh  tinha até mesmo gravado com um compasso na mesa “ AmorDocetes Xats”, por ser onde deixávamos as fofocas em dia, que quase sempre falavam sobre amores, fossem nossos ou alheios.
Vampiro doidão queria saber se eu não vou fazer nada hoje depois da aula. -  Myh começou, antes de sequer sentarmos em nossos respectivos lugares, deviam ser sobre isso os bilhetinhos. Nós estudávamos naquela escola desde sempre, indigna-me levarem quase 15 anos para que os garotos começassem á chamar algumas de nós para sair. – Finalmente a criatura estranha que só sai á noite e tem quedas por pescoços alheios deu algum passo, mas tome cuidado. - Eu ri, embora admita que, mesmo com hábitos “estranhos”, os mesmos hábitos eram um tanto sedutores.
- Eu vi Ammy-chan chegar na escola com Lysandre. De novo.- Isa-senpai disse logo a pós Myh. Eu a encarei. As outras deram sorrisos amarelos, voltando á me olhar.
- Pois quando Lysandre foi falar com Castiel, eu vi uma novata dando em cima do ruivo. -Eu nem sequer tinha prestado atenção neste fato ao chegar, mas sabia que importaria á Belle. Até por que ela rosnou e ficou em silêncio, pensativa.
Bea abriu a boca para falar algo sobre o clube de jardinagem, mas ouvimos o sinal da escola tocar anunciando o término do intervalo, e saímos correndo , e empurrando o resto de nossos lanches garganta abaixo, afinal, mastigar antes de engolir quando se tem pressa é para os fracos.
No caminho, Karen deu um “encontrão com Nathaniel ,fazendo papéis voarem por todos os lados. Como Leh é a mais educada de nós, ela foi ajudar os dois a pegar todos eles, enquanto eu e as outras tínhamos como meta de vida chegar em uma aula seguida de intervalo antes do professor, ao menos uma vez na vida.
Apesar de ser a mais educada, a última vez que Leh disse algo na nossa mesa de lanchonete foi depois das últimas férias, sobre um surfista que ela descrevera incrivelmente. Atrás de tanta doçura e amor,  acho que poderia haver um coração sofrendo. Mais que o meu.

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