Capítulo 3: My heart is under arrest


Acordei vinte minutos antes do despertador. Normal. Mal podia esperar pela carona de Lys, pela ajuda dele nas prosas, o que Bea tentara dizer na hora do xat das AmorDocetes na mesa, e por saber se Nathaniel disse algo quando Karen quase quebrou seus ossos quando se esbarraram.
Logo depois de saltar da cama e olhar a pilha de livros, teve um que parecia acenar para mim, e realmente, fazia muito tempo que eu não encontrava aquele álbum de fotos antigo. Comecei á folhear e, logo, perdi a vontade de jogar qualquer coisa naquele dia. Acho que apenas abriria o Skype para conversar com Ken e as meninas. Havia neles fotos de mim e Ken na piscina de plástico, como eu recordara no dia passado. Também tinham de várias festas do pijama com minhas melhores amigas, e algumas que se se afastaram já. Mas o que chamava minha atenção eram as fotos das peças da escola. Sempre fui boa atriz, apesar de nem sempre conseguir disfarçar meus sentimentos, apesar de teatro depender exatamente do contrário: ter até mesmo os sentimentos que não são seus quando no palco, talvez por isso eu me desse tão bem em conseguir os papéis principais.
Não sei como, mas minha mãe ninja havia conseguido me fotografar beijando o príncipe de uma das peças. Lysandre. Ao mesmo tempo em que sentia saudades daquele tempo, senti meu estômago embrulhar. E eu me lembrava do perfume que ele usava, do sorriso que estampava antes da peça que não estava no roteiro, e de tudo aquilo que ele fez depois daquele dia, do qual passei á ter nojo daqueles lábios tão fofos e perfumados... Que eu já disse que tenho nojo.É ...
needed somewhere to hang my head
Without your noose
You gave me something that I didn't have
But had no use
I was too weak to give in
Too strong to lose
My heart is under arrest again

Isto era o toque do meu celular, do qual nunca havia se encaixado tão bem em um devaneio como agora. Meu celular possuía dois chips, de toques diferenciados. Este era o toque emergencial para desabafos, o que significa que eu deveria conseguir consolar quem estava ligando. Encontrei-o a tempo em baixo da pilha de roupas. Era Letícia.
-Alô, pode falar amora, minha atenção é toda sua.Eu sei, vai ter haver com o Pampilii, não é?- Eu conseguia parecer o mais feliz possível, por conta das aulas de teatro da quarta série.
- Dakota. Não é uma marca de sapatos qualquer, sua #%$@.-Leh ria do outro lado da linha por conta do meu trocadilho.Sempre funcionava.
Ela continuou falando sobre o tal surfista.Ele tinha parado de responder suas mensagens, e o celular estava fora de área. Ela, acreditando que ele mudara de chip para se livrar dela, ia simplesmente se sentindo melhor com a  minha incrível ajuda.. Eu a lembrei dela mesma ter dito que ele na verdade era da Austrália, e ela deveria ter colocado o código de área errado na frente.Após conferir que estava certo, eu a garanti que, ele ainda deveria estar aqui então, por isso não deveria ter código de área nenhum. Mas também a convenci de que era muito melhor do o que isso, e não precisava ligar para ele. Dake quem deveria ligar para ela. Realmente, ele mexeu com a cabeça inabalável de Leh, suspeitei estar omitindo algum detalhe daquele encontro na praia. Desligamos, e eu só conseguia pensar em como “fingir que não liga” não funcionava comigo, mesmo tendo sido o conselho que dei á Letícia.
De repente, comecei á perceber o quanto a ligação poderia ter sido estranha . Leh não se deixaria abater por algo assim.Mas, de algum modo, fui eu quem me senti melhor com os conselhos que dei. Talvez, mesmo tentando esconder, minhas amigas saibam o que me fez tentar não amar Lysandre repentinamente, talvez elas saibam que eu sofro em segredo. E sabem que me contar o quanto elas me conhecem, pioraria o meu gênio.Mais tarde eu precisaria agradecer a Letícia pelo contínuo amor e atenção, Bea quem era japonesa, mas a Leh quem deveria ser ninja. Não, espere aí, todas elas são ninjas.
Ouvi a campainha ser pressionada, e desci, mesmo que ainda de pijama. Era o Fuzil... digo, Ken.
- Preciso do God of War III de volta, é a única coisa que me vai desestressar agora.-Ken disse revirando os olhos, parecia realmente irritado. Deixei-o entrar sem nem dizer nada, como de costume. Parece que foi ontem que ele passava as tarde jogando comigo no sofá com coca-cola e salgadinhos.
- Não tem problema, já o fechei duas vezes. Deixa-me adivinhar, riscou seu CD do II de novo, não foi?- Eu ri de fora irônica, ele sempre estragava seus jogos, os que pretendia que durassem mais tempo, deixava sob meus cuidados. Ele apenas fez que “sim” com a cabeça, sentou no sofá e começou á jogar na minha casa mesmo.
-Preciso me arrumar, fiquei tanto tempo no celular que ainda estou de pijama, já volto.-Minha frase fez Kentin gargalhar. Ele sabia que o meu “ já volto” poderia levar horas,dias, semanas, isso se eu não voltasse a dormir, e acabasse hibernando um ano inteiro.
Voltei de jeans azul-forte, tênis sem cadarço daqueles que se vende em lojas de all star e eu não sei como se chama aquele maldito tênis xadrez de preto e branco, e uma blusa preta justa que deixava uma das alças verde-limão da roupa íntima aparecendo, apesar do o que quebrava o preto da minha roupa era, na verdade, meus olhos e cabelo.
Quando eu voltei Ken já havia desligado o X-Box 360° e estava almoçando com a minha mãe.
-Eu não demorei, vocês que são rápidos demais.- Tentei me defender, fazendo meu prato. Ninguém respondeu, por estarem com a boca ocupada.
Ao ouvir Leigh buzinar, saí correndo, e arrastei Ken junto para a carona coletiva.Ken foi na frente com Leigh, e Lysandre escondia nossas músicas atrás do livro de matemática, das quais íamos terminando ao longo do trajeto para a bendita escola. Incrível como as caronas eram nossos únicos contextos para ficarmos juntos, como discutíamos a relação por meio das letras expressivas e sutis, que depois seriam, por meio de rock,  interpretadas por Castiel naqueles magníficos shows em que eu e minhas amigas não pagávamos para entrar.
Na frente da escola, Isa-senpai encarava uma novata que tropeçava propositalmente no pé de Castiel, que por algum motivo desconhecido estava deitado no meio da calçada em frente á porta da escola. Dimitry e Myh estavam conversando no banco, talvez sobre o encontro da noite passada, eu mal esperava para saber os detalhes.
-AAAH, OS ARBUSTOS SE MECHERAM O_O’ - Eu sem querer berrei. Acho que atrapalhei a retirada de ervas daninhas de Jade e Bea, que estavam do outro lado dos arbustos. Mas a culpa não é minha se os dois possuíam cabelos verdes, e pareciam continuações do arbusto.
Havia uma aglomeração de alunas na entrada da escola, o que nos impedia de entrar, por isto as tarefas secundárias de meus colegas ao invés de simplesmente entrar.
– É um aluno novo. E parece conhecer a Leh. – Lysandre disse se voltando para mim, já que, para conversar com Castiel precisaria se deitar no asfalto também.

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